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Regiões de baixo IDH têm número maior de animais abandonados nas ruas

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Em Fortaleza, a estimativa é de que há cerca de 60 mil animais em situação de rua. Os principais motivos de abandono são gerados por falta de poder aquisitivo para manter o animal ou mudança de endereço da família. Situação que está intimamente ligada ao Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) medida concebida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma população.

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(Imagem: Campus do Pici - gato abandonado. Foto: Renan Moreira)

No Brasil, o número de animais em situação de abandono, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), está em torno de 30 milhões. Desse número, 10 milhões são gatos e 20 milhões cachorros. E o cenário de abandono é sempre recorrente nas ruas e praças de bairros mais pobres, o que se agrava ainda mais pela baixa quantidade de animais castrados que procriam descontroladamente. A baixa renda dos moradores dessas regiões é fator determinante de tal situação.

(Infográfico: Número de animais. Foto: Renan Moreira)

Toinha Rocha, que está no comando da Coordenadoria Especial de Proteção e Bem-Estar Animal de Fortaleza (Coepa), afirma que as localidades com maiores casos de abandono são regiões com baixo IDH. Ela aponta: "os maiores pontos de abandono da cidade são cemitérios, praças e sempre em locais onde o índice de desenvolvimento humano são os mais baixos, como na região V". Na regional V, por exemplo, estão localizados bairros como Canindezinho e Parque Presidente Vargas, que contam com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,136 e 0,135 respectivamente.

Confira os IDH's dos bairros de Fortaleza

De acordo com dados do Ibope Inteligência e Instituto Waltham, em caso de mudança de endereço, cerca de 63% das pessoas abandonariam seus cachorros e 56% delas abandonariam seus gatos. Ou seja, cerca de 6 em cada 10 tutores não levariam seus animais consigo. Desse total, apenas 42% dos animais são castrados.

Amanda Gomes, advogada e membra da Comissão de Defesa e dos Direitos Animais do Ceará, explica que a punição para abandono e maus-tratos ainda é muito pequena. “Por ser considerado crime de menor potencial ofensivo, a pena é de até um ano, podendo até ser convertida em uma medida alternativa, como prestação de serviços à comunidade. Mas já existe projeto de lei aprovado no Senado que aumenta a pena para até 3 anos. O projeto aguarda aprovação na câmara e em seguida sanção do presidente. Porém o mais importante não é que a pena aumente, e sim, que ela seja efetiva” conclui Amanda.

 

A microchipagem é uma alternativa que ajudaria a evitar e controlar o abandono de animais, tecnologia muito pouco explorada no Brasil. Taise Praxedes, representante da instituição Animais UFC, explica como funcionam os chips de identificação: “a microchipagem é um leitor único do tamanho de um grãozinho de arroz e é aplicado de forma subcutânea, tendo durabilidade de 100 anos e sem a necessidade de manutenção. Nele constam todos os dados do tutor do animal”.

Encontrar um animal microchipado na rua, além de facilitar  a identificação do tutor e a eventual devolução do bichinho, tornaria mais efetivo o processo de denúncia. Taisse conclui: “Esse projeto deveria ser mais incentivado no Brasil, como forma de prevenção ao abandono”.

A denúncia tem um papel ativo importante para a diminuição de animais deixados nas ruas. A advogada Lorena Lucena explica como podemos formalizar esse processo: “É necessário primeiro identificar quem está praticando o crime, seja por uma placa de carro, nome, imagem/vídeo ou testemunhas. Em Fortaleza, para formalizar a denúncia podemos ligar diretamente para a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente DPMA. Já em outras regiões onde não exista um órgão especializado a denúncia pode ser feita ao ministério público” conclui.

 


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(Infográfico: Abandono de animais Foto: Suyane Lima)

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