Resgatando Vidas
Estamos no tempo em que o valor tem sido chacoalhado fortemente. Refiro-me não ao valor monetário que se atribui às coisas, mas ao valor sentimental que se dedica aos amigos, pai e mãe, e como é o caso de nosso enfoque, aos animais. Todos os relacionamentos estão passando por mudanças - típicas de cada era. No que se refere aos animais domésticos, em dado momento parece que eles simplesmente perderam o valor
O número de animais abandonados pelas grandes cidades do Brasil, cerca de 30 milhões (OMS), mostra que há algo de anormal acontecendo em nossos dias. Sabemos de casos onde alguém ABANDONA um animal porque foi presente de UM relacionamento que acabou, ou porque ele (o animal) adoeceu e o tratamento seria muito CARO ou coisas desse tipo. Como se não bastasse o abandono, ainda há os maus tratos infligidos a esses pequenos seres que não tem onde ficar, senão nas ruas.
Mas nem tudo são más notícias, pois Mesmo com a deplorável situação de muitos animais em Fortaleza, a esperança surge com vários rostos e em várias ações de verdadeiros anjos. É um time de pessoas super do bem que dedicam seu tempo e suas energias para dar um pouco de conforto a esses abandonados, além, daqueles que resgatam esses animaizinhos e lhes dão abrigo em um lugar seguro onde poderão esperar por um tutor
Galeria de fotos: Animais abandonados. Fotos: Renan Moreira)
Opinião:
Os dicionários apontam que a palavra resgate está ligada ao pagamento de certo valor para libertar alguém de uma prisão. Mas vamos ficar com a definição que mais se enquadra no que entendemos por resgate de animais: SALVAMENTO. Talvez passe pela nossa cabeça o pensamento de que só animais em situação de rua necessitam de resgate. O que não é bem assim. Por vezes, há animais que estão com certas famílias que lhes dispensam um tratamento desumano e degradante. Se um animal for deixado sozinho em uma casa por todos os dias da semana trancado, com pouca comida e água, por exemplo, tal ato pode ser denunciado às autoridades responsáveis para que tomem as providências cabíveis. E, nesse contexto, dependendo da constituição do caso, o animal seria digno de um resgate.
Em Fortaleza o número de animais em situação de rua chega a ser assustador, aproximadamente 60 mil. Passam dias, meses, anos e o quadro permanece inalterado: os animais continuam lá. Mas quem deve ser o responsável pelo resgate desses animais aqui na Capital? A comissão de direitos dos animais da OAB está aberta aos apelos e denúncias dos cidadão no que tange a abandono e maus tratos dos animais. Mas, e o resgate?
Há muitas pessoas que vão à luta e fazem esse tipo de trabalho de modo independente e por conta própria. Colhem, abrigam, alimentam, medicam, tratam e disponibilizam os bichinhos para adoção. Sem dúvida, é uma paixão que move alguns corações em nossa cidade. Há, ainda, algumas ONG`s que se dedicam avidamente a esse trabalho, como é o caso da Animais UFC, ONG com foco no campus do Pici que, segundo Emanuela Sampaio, resgata os animais abandonados ali, leva-os ao veterinário, vermifuga-os e, em alguns casos, faz a castração. O próximo passo é buscar um lar temporário e divulgar nas redes sociais a disponibilidade de um animal para adoção. Muitos têm sido adotados. Dessa maneira, a Animais UFC, tem feito seu trabalho de resgate.
De acordo com Maria das Graças (protetora de animais) “temos muitas ONG’s na Cidade, mas elas não cuidam dos animais, quem cuida dos animais somos nós que somos protetoras”. Ela diz que há pontos de abandonos de gatos, por exemplo. São lugares específicos espalhados por toda a Fortaleza onde as pessoas vão deixar os animais indesejados. “Nós só vamos conseguir acabar com o abandono de animais quando as pessoas se conscientizarem e as autoridades (começarem a cumprir seu) dever de cuidar dos animais. Todos nós andando de mãos juntas vamos conseguir combater essa violência”, afirmou ela.
(Infográfico: Tutores Foto: Suyane Lima)
O trabalho, entretanto, deve ser encarado como responsabilidade da Prefeitura. Quando ela abstém-se de seu dever e não cuida do resgate dos animais de rua, a população corre riscos muito sérios tanto de ataques diretos por parte desses animais, como de várias doenças. Porque esses animais sem cuidado adequado chegam a sofrer de vários males e enfermidades, muitas dos quais, são contagiosos à população, configura-se então um problema de saúde pública. E com mais gente doente aumenta a demanda por atendimento médico nos postos de saúde e hospitais públicos da cidade. Isso poderia ser evitado com um adequado programa da prefeitura para cuidar do assunto.
Acompanhe nossa segunda reportagem da serie Caminhando entre Patas para Radio-Jornalismo, sobre o Abandono e Resgate de Animais: